22/02/2012

História da CIMO - II

Mais um texto sobre a história da CIMO, desta vez por outro autor.
Reproduzido aqui conforme disponibilizado . 
----------------------------------
MÓVEIS CIMO E A INDUSTRIALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO NO BRASIL
Edição: 060, em 17/07/07 - Autor: Marilia Sugai Ogama - http://www.totalmoveis.com.br

Este artigo trata sobre a industrialização da produção moveleira no Brasil, com base na trajetória da Móveis Cimo S.A, fábrica das mais importantes e representativas do início da fabricação em série de móveis no país, fundada no início do século XX.

1 – Introdução
Ao longo de sua existência, o mobiliário vem sofrendo várias mudanças na tentativa de melhor adequar-se às necessidades do homem. Ocorreram mudanças não só no produto em si, mas também surgiram novas tecnologias e modos de produção que contribuíram muito para o desenvolvimento da indústria moveleira. A Móveis Cimo foi uma das fábricas de móveis seriados mais importantes do país no período de 1920 a 1980, tornando-se referência dentro do setor moveleiro ao produzir uma grande variedade de produtos de alta qualidade e design, sendo reconhecida e estudada até hoje.
Este artigo tem o objetivo de resgatar a importância dessa empresa que começou fabricando caixas e chegou a ser a maior produtora de móveis da América Latina. Mais do que isso, a Móveis Cimo teve papel fundamental no desenvolvimento das cidades de sua região e no avanço da fabricação de móveis seriados no país, sendo pioneira em diversos setores, graças a capacidade empreendedora de seus fundadores.

2 – Início da fabricação seriada de móveis no Brasil
No Brasil, até 1822 não era permitida a existência de indústrias porque os produtos manufaturados deveriam ser comprados de Portugal. O Brasil, em condição de colônia, existia unicamente em função da Metrópole e não poderia de forma alguma competir com ela. Isso só mudou quando houve a fixação da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, que tomou medidas para a revogação da lei que proibia a existência de indústrias, além de outras, tais como a construção de estradas, melhoria dos portos e incentivo à imigração de europeus (ARRUDA E PILETTI, 1996).
As pequenas marcenarias podem ser consideradas a origem da industrialização de móveis no país, sendo que através de conhecimentos tradicionais, começaram a fabricar móveis utilizando os processos artesanais. Contudo, existiam outras marcenarias que já trabalhavam com máquinas à vapor trazidas da Europa, responsáveis pelo início da mecanização do setor (SANTI, 2000).
Foi por volta de 1880 que aconteceram as primeiras iniciativas de fabricação de móveis seriados no país, podendo ser citados a Móveis Antônio de Mosso, Irmãos Raffinette e Fábrica de Móveis Scholz & Comp. Os projetos, em geral, eram idealizados pelos próprios donos das fábricas, seguindo as tendências estéticas européias. A influência européia, principalmente de Portugal, sobre o mobiliário nacional estava presente também nos produtos que eram importados, e nos que eram fabricados aqui por artesãos imigrantes e seus aprendizes, feitos, principalmente, sob encomenda dos burgueses e da aristocracia (SANTI, 2000).
A matéria-prima utilizada durante os primeiros três séculos de colonização era proveniente das árvores que existiam nas redondezas, pois não havia condições de transporte a longas distâncias. No Paraná e Santa Catarina, podiam ser encontradas madeiras de boa qualidade, como o pinho, a imbuia, a canela e o pau-marfim. Além da madeira, o couro era bastante utilizado na produção de móveis (SANTI, 2000).
Em 1890, na cidade de São Paulo, surgem escolas de engenharia e Liceus de Artes e Ofícios, responsáveis pela formação de mão-de-obra especializada que aos poucos foi substituindo a importação de móveis europeus pelos de fabricação nacional (NIEMEYER, 1998).
Muitas pequenas indústrias surgiram no momento da Primeira Guerra Mundial tentando suprir as demandas do país, uma vez que as importações haviam sido interrompidas. Nesta época, outras empresas que já existiam aproveitaram para ampliar seu mercado e ganhar mais prestígio diante dos que antes não compravam produtos nacionais, fazendo com que a produção de móveis no país desse um passo muito importante.

3 – Móveis Cimo
Em 1912, dois amigos de infância montaram uma loja em São Bento do Sul, Santa Catarina: a Yung e Companhia. Com os lucros desse novo negócio compraram um terreno em Rio Negrinho onde montaram uma grande serraria para produzir caixas para laranjas. A serraria foi crescendo, entrou no ramo do mobiliário, mudou várias vezes sua razão social até adotar, por volta de 1932, o nome de Martim Zipperer – Móveis Rio Negrinho – Sociedade Anônima.
Aproximadamente em 1944, a fábrica Móveis Rio Negrinho junta-se às fábricas Irmãos Maida, Paulo Leopoldo Reu, Shauz & Buchmann, P. Kastrup & Cia, e Raimundo Egg, representantes e lojistas, passando a ser conhecida como Companhia Industrial de Móveis S.A. Nesta ocasião foi elaborada também a logomarca da nova empresa, que era compreendida de dois círculos concêntricos, um losango centralizado, e as palavras Móveis CIMO Curitiba, sendo que a palavra CIMO representava as iniciais da empresa. Foi o início da trajetória de uma das principais fábricas de móveis do país.
A decisão de unificar as fábricas, lojas e representantes surgiu da necessidade e dificuldades para continuar mantendo dos negócios. Naquela época, quase não eram fabricadas ferragens, vernizes e outros materiais no país, sendo que precisavam ser importados da Europa, acarretando problemas de abastecimento em diversas empresas. A condição de empresa maior e mais forte possibilitaria enfrentar as várias dificuldades mais facilmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário