28/02/2012

CIMO e o Colégio Estadual do Paraná


O Colégio Estadual do Paraná (CEP) passou a ter esse nome em 1943, mas suas origens datam de 1846, quando foi criado o Licêo de Coritiba. Após algumas mudanças de endereços, ele foi finalmente estabelecido em sua atual sede em 1944. O local original seria  na Praça Santos Andrade, onde hoje está localizado o Teatro Guaíra, mas a área foi considerada pequena. Em 1944 foi desapropriada a Chácara da Glória, na Av. João Gualberto, iniciando-se a construção da atual sede sob o governo do interventor Manoel Ribas, e terminada pelo seu sucessor constitucional, o governador Moisés Lupion. O prédio foi inaugurado em 29 de março de 1950 pelo Presidente da República General Eurico Gaspar Dutra e pelo Ministro da Educação e Cultura, Professor Clemente Mariani.

E o que a CIMO tem a ver com o CEP?

A CIMO equipou as instalações do colégio, como pode ser observado nas fotos abaixo, retiradas de um anúncio de um site de leilões eletrônicos. Clique para ver as fotos em tamanho maior.







27/02/2012

Acervo da Móveis Cimo foi doado

Notícia de 2011, mas importante para a preservação da história da Móveis Cimo.

Irani doa acervo da Móveis Cimo para a Prefeitura
12 de agosto de 2011 - 16:03:28

Na manhã desta sexta-feira, dia 12, uma entrega simbólica marcou a preservação histórica de Rio Negrinho. No gabinete do prefeito Osni José Schroeder, aconteceu a entrega de um quadro com uma vista panorâmica do centro município e da então Móveis Cimo S/A. A relíquia foi entregue pelo diretor do grupo Irani S/A, Ronald Heinrichs, simbolizando a doação de diversas peças para o acervo do Museu Municipal Carlos Lampe.
A doação é composta por equipamentos antigos, documentos da época, desenhos, fotos e móveis da empresa rio-negrinhense que foi considerada a maior da América Latina no setor moveleiro. “É um acervo muito importante”, exclamou o prefeito Osni.
Também participaram da entrega o secretário de Desenvolvimento Comunitário, Douglas Damiani, a diretora do museu, Maria Bernadete Peyerl, e o diretor do acervo histórico, Dorneles Simões de Oliveira.
Osni agradeceu a atitude da empresa para a preservação da história da Móveis Cimo. “É uma verdadeira aula de história”, completou. Ainda está em estudo como o material será exposto para a comunidade.


Fonte: http://www.rionegrinho.sc.gov.br/?pagina=noticias_view&id=2227

24/02/2012

Propagandas antigas

Revistas antigas são uma boa fonte de referências.
Abaixo, três propagandas da década de 1960, publicadas na "Seleções".




22/02/2012

História da CIMO - II

Mais um texto sobre a história da CIMO, desta vez por outro autor.
Reproduzido aqui conforme disponibilizado . 
----------------------------------
MÓVEIS CIMO E A INDUSTRIALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO NO BRASIL
Edição: 060, em 17/07/07 - Autor: Marilia Sugai Ogama - http://www.totalmoveis.com.br

Este artigo trata sobre a industrialização da produção moveleira no Brasil, com base na trajetória da Móveis Cimo S.A, fábrica das mais importantes e representativas do início da fabricação em série de móveis no país, fundada no início do século XX.

1 – Introdução
Ao longo de sua existência, o mobiliário vem sofrendo várias mudanças na tentativa de melhor adequar-se às necessidades do homem. Ocorreram mudanças não só no produto em si, mas também surgiram novas tecnologias e modos de produção que contribuíram muito para o desenvolvimento da indústria moveleira. A Móveis Cimo foi uma das fábricas de móveis seriados mais importantes do país no período de 1920 a 1980, tornando-se referência dentro do setor moveleiro ao produzir uma grande variedade de produtos de alta qualidade e design, sendo reconhecida e estudada até hoje.
Este artigo tem o objetivo de resgatar a importância dessa empresa que começou fabricando caixas e chegou a ser a maior produtora de móveis da América Latina. Mais do que isso, a Móveis Cimo teve papel fundamental no desenvolvimento das cidades de sua região e no avanço da fabricação de móveis seriados no país, sendo pioneira em diversos setores, graças a capacidade empreendedora de seus fundadores.

2 – Início da fabricação seriada de móveis no Brasil
No Brasil, até 1822 não era permitida a existência de indústrias porque os produtos manufaturados deveriam ser comprados de Portugal. O Brasil, em condição de colônia, existia unicamente em função da Metrópole e não poderia de forma alguma competir com ela. Isso só mudou quando houve a fixação da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, que tomou medidas para a revogação da lei que proibia a existência de indústrias, além de outras, tais como a construção de estradas, melhoria dos portos e incentivo à imigração de europeus (ARRUDA E PILETTI, 1996).
As pequenas marcenarias podem ser consideradas a origem da industrialização de móveis no país, sendo que através de conhecimentos tradicionais, começaram a fabricar móveis utilizando os processos artesanais. Contudo, existiam outras marcenarias que já trabalhavam com máquinas à vapor trazidas da Europa, responsáveis pelo início da mecanização do setor (SANTI, 2000).
Foi por volta de 1880 que aconteceram as primeiras iniciativas de fabricação de móveis seriados no país, podendo ser citados a Móveis Antônio de Mosso, Irmãos Raffinette e Fábrica de Móveis Scholz & Comp. Os projetos, em geral, eram idealizados pelos próprios donos das fábricas, seguindo as tendências estéticas européias. A influência européia, principalmente de Portugal, sobre o mobiliário nacional estava presente também nos produtos que eram importados, e nos que eram fabricados aqui por artesãos imigrantes e seus aprendizes, feitos, principalmente, sob encomenda dos burgueses e da aristocracia (SANTI, 2000).
A matéria-prima utilizada durante os primeiros três séculos de colonização era proveniente das árvores que existiam nas redondezas, pois não havia condições de transporte a longas distâncias. No Paraná e Santa Catarina, podiam ser encontradas madeiras de boa qualidade, como o pinho, a imbuia, a canela e o pau-marfim. Além da madeira, o couro era bastante utilizado na produção de móveis (SANTI, 2000).
Em 1890, na cidade de São Paulo, surgem escolas de engenharia e Liceus de Artes e Ofícios, responsáveis pela formação de mão-de-obra especializada que aos poucos foi substituindo a importação de móveis europeus pelos de fabricação nacional (NIEMEYER, 1998).
Muitas pequenas indústrias surgiram no momento da Primeira Guerra Mundial tentando suprir as demandas do país, uma vez que as importações haviam sido interrompidas. Nesta época, outras empresas que já existiam aproveitaram para ampliar seu mercado e ganhar mais prestígio diante dos que antes não compravam produtos nacionais, fazendo com que a produção de móveis no país desse um passo muito importante.

3 – Móveis Cimo
Em 1912, dois amigos de infância montaram uma loja em São Bento do Sul, Santa Catarina: a Yung e Companhia. Com os lucros desse novo negócio compraram um terreno em Rio Negrinho onde montaram uma grande serraria para produzir caixas para laranjas. A serraria foi crescendo, entrou no ramo do mobiliário, mudou várias vezes sua razão social até adotar, por volta de 1932, o nome de Martim Zipperer – Móveis Rio Negrinho – Sociedade Anônima.
Aproximadamente em 1944, a fábrica Móveis Rio Negrinho junta-se às fábricas Irmãos Maida, Paulo Leopoldo Reu, Shauz & Buchmann, P. Kastrup & Cia, e Raimundo Egg, representantes e lojistas, passando a ser conhecida como Companhia Industrial de Móveis S.A. Nesta ocasião foi elaborada também a logomarca da nova empresa, que era compreendida de dois círculos concêntricos, um losango centralizado, e as palavras Móveis CIMO Curitiba, sendo que a palavra CIMO representava as iniciais da empresa. Foi o início da trajetória de uma das principais fábricas de móveis do país.
A decisão de unificar as fábricas, lojas e representantes surgiu da necessidade e dificuldades para continuar mantendo dos negócios. Naquela época, quase não eram fabricadas ferragens, vernizes e outros materiais no país, sendo que precisavam ser importados da Europa, acarretando problemas de abastecimento em diversas empresas. A condição de empresa maior e mais forte possibilitaria enfrentar as várias dificuldades mais facilmente.

21/02/2012

História da CIMO - I

Como não podia ser diferente, o blog apresenta em sua primeira postagem a história da CIMO.
O texto foi originalmente escrito por Henry Henkels (© 2007) e divulgado no site do Instituto Nossa Casa.
-----------------------------------------
Este texto é um excerto de uma pesquisa sobre a História Econômica de São Bento do Sul que estou desenvolvendo. Este trabalho ainda  não está finalizado. O trecho hora apresentado, sobre a CIMO, é uma avant-première, um capítulo do todo.

Primórdios – Serraria e fabricação de caixas
Sem dúvida que o maior impulso na modernização do quadro econômico de São Bento viria com a evolução dos empreendimentos desenvolvidos sob a liderança de Jorge Zipperer, que iriam acabar por se transformar numa grande indústria de móveis, a Móveis Cimo, como modernamente passaria a ser conhecida e que se consolidou no distrito de Rio Negrinho. Se considera esta empresa como a primeira industria na própria acepção moderna desse conceito a se desenvolver em São Bento do Sul. Pela sua importância relativa neste contexto analítico vamos detalhar sua trajetória. Nesse caso, vamos nos concentrar numa linha mais referente ao desenvolvimento local – São Bento / Rio Negrinho – que contextualiza o que se propõe aqui

É interessante observar que este empreendimento se desenvolveu com base na administração de brasileiros, descendentes dos colonos da primeira leva que haviam se radicado quatro décadas antes na região. A Móveis Cimo em seu embrião foi uma iniciativa inovadora do ponto de vista comercial e tecnológico, embora se galvanizasse de uma atividade extrativista evoluindo para industrial, nesse caso uma serraria, para aproveitar o grande potencial madeireiro em substituição à erva-mate, cujo ciclo havia se exaurido irrevogavelmente antes de 1910.

Em setembro 1912, Jorge Zipperer e Willy Jung, dois empreendedores são-bentenses, formam uma sociedade e estabelecem uma casa de comércio de secos & molhados na vila de São Bento. Já no ano seguinte adquirem um terreno de aproximadamente 110 alqueires num local chamado “Salto”, próximo a onde futuramente se situará a cidade de Rio Negrinho. Montariam ali uma serraria e fábrica de caixas para frutas, que começou a operar em março de 1914. Todo o sucesso do novel empreendimento estava indissociavelmente ligado à estrada de ferro, que começara a operar no ano anterior e que seria fundamental para o escoamento da produção.

A companhia resultante desse esforço chamou-se Jung & Cia. tendo como cotistas apenas os dois fundadores citados.

Jorge Zipperer nasceu em São Bento, no ano de 1879, filho do pioneiro Josef Zipperer Sênior, que havia imigrado seis anos antes, em 1873. Willy Jung nasceu no mesmo 1879 provavelmente nos arredores de Leipzig, na Saxônia. Imigrou com dois anos de idade, chegando ao Brasil em 1881, acompanhando seus pais.

O maquinário, caldeira e locomóvel a vapor usados nessa primeira serraria no rio do Salto eram de procedência alemã, de fabricação Maschinenbau R. Wolf, Magdeburg-Buckau, adquiridos da firma Carlos Hoepcke, de Florianópolis. Acoplou-se a esse equipamento também um gerador elétrico, que fornecia iluminação às residências dos trabalhadores e a casa de comércio que passava a funcionar anexa. Com o inicio da atividade madeireira resolvem vender o armazém de secos & molhados em São Bento, que acabou sendo absorvida pelo irmão de Jorge, Carlos Zipperer, em sociedade com Andréas Ehrl, o que se deu em 1915.

Novas serrarias e Estrada Irany
No ano seguinte, fevereiro de 1916, adquirem mais um grande terreno coberto de pinheiros e imbuias, na outra margem do rio Negro, no estado do Paraná, local que modernamente tem o nome de Lageado das Mortes, localizado a uns 12 quilômetros de Rio Negrinho. Montam ali uma segunda serraria, denominada “Encruzilhada”, um pouco maior que a primeira, que operava dois quadros “Tyssot-Sägegatter”, além de gerador elétrico. Os equipamentos desta serraria foram comprados da firma Peixoto & Cia., de Piraquara, no Paraná, eram baseados numa caldeira + locomóvel marca Heinrich Lanz - Mannheim. Compra-se nessa época muita madeira em pé também. Em 1917, por exemplo negociaram 3000 pinheiros e imbuias ao preço de 15 contos de Reis (15:000$000) localizados próximo à serraria do Lageado para o abastecimento desta de matéria prima. Em 1919 essa serraria vai ser transferida para outro local, mais próximo de rio Negrinho, e em 1920 será desativada e vendida, como veremos.

Para a operação dessa serraria havia a necessidade de uma estrada de rodagem viável entre aquele rincão e a estrada de ferro, para possibilitar o escoamento da produção. Ë feito um grande esforço político para a construção dessa estrada, que receberia o nome de “Estrada Irany”. Seu traçado iniciava na estação de trem de Rio Negrinho em direção ao Lageado, distrito de Rio Negro, no estado do Paraná. As obras começaram em junho de 1918.

Jorge Zipperer em suas crônicas informa que não houve grande empenho das autoridades de São Bento para viabilizar a construção da estrada. O governo de Santa Catarina concedeu um aporte de 7:000$000 (sete contos de réis). O governo do Paraná colocou 3:000$000 (três contos de réis) em apólices de dívida pública, que foram vendidas por 2:100$000 (dois contos e cem mil réis). A municipalidade de São Bento acabou comparecendo com a quantia de 250$000 (duzentos e cinqüenta mil réis) e a população do Lageado com cerca de 1.200$000 (um conto e duzentos mil réis), incluídos ai 500$000 (quinhentos mil réis) doados por Wenzel Kahlhofer, de São Bento, que tinha interesses em Lageado também. A obra completa da estrada teve um custo total de aproximadamente 20:000$000 (vinte contos de réis) [1] - ver notas no final da página - sendo que o restante dos recursos, cerca de 9:500$000 (nove contos e quinhentos mil réis), foram cobertos pela firma Jung & Cia.

Além de inúmeros pontilhões e bueiros, três grandes pontes tiveram que ser construídas. A primeira sobre o rio Negrinho, no mesmo local que hoje se situa a igreja matriz, que foi chamada “Ponte Fúlvio Aducci” tinha 22 metros de vão. A segunda sobre o rio Serrinha de 8 metros. A terceira sobre o rio Negro tinha 54 x 4 metros, foi chamada “Ponte Rodrigues”, nome do proprietário do terreno adjacente. Todas foram construídas com madeira de cerne. Em janeiro de 1926, numa grande enchente, a ponte sobre o rio Negro se perdeu e teve que ser reconstruída. As outras duas haviam sido acorrentadas em árvores e foram preservadas, naquela mesma cheia dos rios.

Além das pontes, a ocorrência de acidentes geográficos causaram dificuldades importantes na construção da estrada, como duas pequena serras, uma junto ao rio Serrinha e conseqüente descida ao vale do rio Negro e a outra já no Paraná, nos terrenos de Pedro Rodrigues da Silva e Augusto Wotroba. A conclusão das obras se deu ainda no final do ano de 1918.

Novas instalações, uma fatalidade e novo sócio
Desde o ano de 1914 a empresa Jung & Cia. procurava, sem êxito, comprar uma área de terreno adequada mais próxima a linha férrea. É só em junho de 1918, durante a construção da Estrada Irany que é oferecido à venda um terreno, entre os rios Negrinho e Serrinha, exato local onde florecerá a cidade de Rio Negrinho. Este terreno tinha 25 alqueires e foi comprado de José Bley por pelo ótimo preço de cem mil réis (100$000) o alqueire. Ali foi construída nova e moderna serraria, residências funcionais e transferida a casa comercial do Salto, visto que esse local estava muito mais próximo estrategicamente da estrada de ferro. Seriam agora três serrarias operando.

Mesmo com todos esses projetos sendo implantados, a fatalidade ronda a empresa.. Em janeiro de 1919 o sócio Willy Jung contrai a terrível febre “espanhola” que grassava no Brasil desde outubro do ano anterior, da qual viria a falecer em seguida. Dissolve-se a sociedade com Jorge Zipperer pois a viúva não tinha mais intenção de continuar nos negócios e se afasta, sendo indenizada em 68:000$000 [2], valor contábil da participação do finado. Recebeu parte do valor em terrenos divididos entre os filhos e parte em prestações pagas, num total de 40:000$000, em espécie. Para substituir essa baixa, ingressa na sociedade, no mês de junho de 1919, o sapateiro Andréas Ehrl, de São Bento, com um capital de 65:000$000 [3], passando a empresa a girar agora como A.Ehrl & Cia.

Os projetos de ampliação das serrarias continuam. Para Rio Negrinho trazem outra grande caldeira marca R. Wolf, Magdeburg-Buckau esta agora que desenvolvia a potência de 110 PS, adquirida de Alexandre Schlemm, de Joinville, mas que também era dono da concessionária de energia elétrica de Porto União. Esse equipamento, acoplado a um locomóvel e gerador de 120 PS, era o que fornecia toda a energia elétrica das cidades gêmeas de Porto União da Vitória, na divisa de Santa Catarina com o Paraná. Imediatamente toda a serraria, a casa de comércio, bem como na vila operária e residências à margem direita do rio Negrinho foram dotadas de luz elétrica fornecida por este aparato.

Embora os negócios da firma estivessem fluindo bem desde as fases finais da guerra européia, grandes foram os investimentos em 1918, como a construção da estrada Irany, a transferência das serrarias do Salto para Rio Negrinho e de Lageado para junto à ponte Rodrigues, aquisição de duas caldeiras e equipamentos e finalmente a indenização das cotas de Willy Jung aos herdeiros. Isso tudo debilitou sobremaneira a situação financeira da empresa, que em 1919 se obrigou a contrair empréstimos bancários junto ao Banco Nacional do Commércio, filial Joinville, operação avalizada pelos empresários Alexandre Schlemm, considerado grande benfeitor da empresa, além de Wenzel Kahlhofer, Carlos Zipperer e outros.

Nessa época, outro fator complicativo nas operações da empresa era o tratamento diferenciado na oferta de vagões ferroviários por parte da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande – EFSPRG. A empresa tinha seus escritórios em Curitiba e somente certos clientes obtinham vagões. Esses privilegiados eram chamados correntemente de “tubarões”, certamente proporcionavam vantagens aos dirigentes políticos que agora administravam a ferrovia. Todo o grupo Brazil Railway Co. que detinha o controle acionário da EFSPRG havia entrado em processo de autofalência em 1917, por dificuldades de aporte de capitais estrangeiros em função da guerra européia. A ferrovia passou a ser gerida então por juntas de administradores egressos dos quadros políticos ou protegidos por esse setor. De acordo com Jorge Zipperer era “a coisa mais vergonhosa que jamais verificou-se”. Só em 1924, quando o Dr. J. Moreira Garcez assumiu o cargo de diretor da EFSPRG, é que esses problemas de acesso aos vagões foram completamente sanados.

Em setembro de 1920 a serraria junto a ponte Rodrigues, na margem do rio Negro, já havia exaurido todas as reservas de madeira nas regiões adjacentes e foi vendida, por 43.000$000, para Ludwig Schuster, que a pagou em três vezes, a desmontou e transferiu para o município de Campo do Tenente, no Paraná.

Fabricação de Móveis
Os negócios com madeira serrada e os preços praticados estavam muito desfavoráveis em 1921. Em viagem de negócios à São Paulo, Jorge Zipperer vai ter com seu irmão Martin, que nessa época administrava uma fábrica de móveis de propriedade de norte-americanos, chamada McDonald’s. Martin Zipperer havia freqüentado o curso de marcenaria do no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Antes de sair de São Bento foi aprendiz na marcenaria de Francisco Linke, indo depois aperfeiçoar o ofício em Joinville na marcenaria de Leopoldo Reu. Mais tarde passa pelas marcenarias de Heinrich Dittert, de Curitiba e pela famosa Móveis Blumenschein & Cia, de São Paulo.

Dessa conversa entre os irmãos em São Paulo ficou decidido: abririam uma fábrica de móveis em Rio Negrinho, para contornar a má fase que passava o comercio de madeira bruta. Em outubro de 1921 Martin se desligou da firma de São Paulo e se transferiu para o sul, onde de imediato começaram a montar uma fábrica de cadeiras. Desmontaram o grande galpão da serraria que havia funcionado até o ano anterior junto a ponte Rodrigues, no rio Negro e o reconstruíram em rio Negrinho para abrigar o novo empreendimento. Ainda em dezembro daquele ano receberam o primeiro pedido de cadeira / poltronas para o Cine Seleta, de Santos, SP.

Os negócios seguiam diversificados, pois as vendas de cadeiras não evoluíram com vigor esperado no início, de maneira que desenvolveram também projetos de casas pré-fabricadas, forneciam madeiramento para quartéis do exercito e madeiras diversas para a construção civil em geral. Além das caixas para laranjas, seu primeiro negócio. Ainda em 1921, falecia em Joinville Alexandre Schlemm, o protetor da empresa junto ao sistema bancário. No ano seguinte o Banco Nacional do Commercio exigiu a liquidação de todos os débitos que a Ehrl & Cia. tinha com aquela instituição, o que causou dificuldades consideráveis.

Em 1923, durante uma viagem de negócios à São Paulo, Jorge Zipperer contrai tifo, doença que quase o leva a morte e o obrigou a longa convalescença. Esse fato, embora completamente inusitado, também abalou a credibilidade financeira da empresa junto ao sistema bancário, obrigando o sócio Andréas Ehrl a contornar grandes dificuldades administrativas, o que acabou por desmotivá-lo e decidir por se afastar da sociedade, o que acontece em dezembro daquele ano. Recebeu 140:000$000 (cento e quarenta contos de réis) [4] por sua participação, de acordo com os levantamentos contábeis. Auferiu um lucro razoável sobre o capital que havia investido em 1919. De qualquer maneira, aparentemente a dissolução da sociedade se deu de maneira completamente pacífica e harmoniosa. Ehrl comprou uma casa comercial de Roberto Lampe, que já no ano seguinte revendeu aos seus antigos sócios e mudou-se para Curitiba, onde montou uma fábrica de artigos de couro, mais afinado com sua antiga profissão, que era de sapateiro.

Ingressa na sociedade agora Nicolaus Jacob, alemão de nascimento, que era antigo funcionário.
Tinha sido gerente desde 1914 da primeira serraria do Salto. Mais tarde coordenou a construção da serraria da Encruzilhada, no Lageado e montou ali uma casa de negócio. Em 1921, demitiu-se da Ehrl & Cia. e montou sua própria serraria, em sociedade com Otto Rössler e João Treml, ambos de São Bento. Essa serraria funcionou até dezembro de 1923, quando foi vendida por 80:000$000 para Horácio Pinto Rebelo, que a transferiu para Bituva. Desfeita a sociedade com Rössler e Treml, Nicolaus Jacob ingressou com sócio na companhia rio-negrinhense com um capital de 57:000$000, dos quais 42:000$000 era dinheiro emprestado de colonos com aval de Jorge Zipperer. A empresa passa girar agora sob a razão social: N. Jacob & Cia., isso a partir de fevereiro de 1924.

Os negócios da empresa evoluem bem. Finalmente a fabricação de móveis entra num ritmo bom, graças a qualidade ótima dos produtos. Em 1924 venderam aproximadamente 60.000 cadeiras e poltronas de cinema. Os negócios de caixas e de madeira serrada para construção civil também se desenvolvem favoravelmente. Problemas surgem em outra frente.

O novo sócio Nicolaus Jacob passa a se envolver em diversos atritos com funcionários antigos da empresa. Agora na condição de acionista deve ter se arrostado a pretensões descabidas e atitudes arrogantes perante os empregados, o que criou uma série de conflitos que os sócios tiveram dificuldades de contornar. No final daquele ano Jorge Zipperer chegou a conclusão que aquele estado de coisas não podia continuar, de sorte que propôs a dissolução da sociedade oferecendo 90:000$000 pelas cotas de Jacob. Este, por seu turno, pediu 150:000$000. As negociações se arrastaram até maio, quando Jacob aceitou 120:000$000, retirando-se da empresa. Descontando os 42:000$000 de empréstimo dos colonos com fiança de Jorge Zipperer e os 15:000$000 que investiu efetivamente, auferiu um lucro de 63:000$000 [5] em pouco mais de um ano, nada mau.

Interessante é notar que até então Jorge Zipperer nunca comparecia com seu nome na razão social da firma. Isso deve-se ao fato de que o estatuto societário era de uma comandita por ações, onde ele era o comaditado, teoricamente o sócio capitalista sem direito a influência administrativa, enquanto o outro, o comanditário é que tinha essa prerrogativa e dava o nome ao empreendimento. Na prática sabe-se que não era assim que as coisas funcionavam nessa sociedade. 

NOTAS
[1] Em valores atuais (2007) esses 20 contos de réis representam cerca de R$ 230.000,00.
[2] Representa R$ 607.000,00 em valores atualizados (2007).
[3] Valor equivalente a R$ 580.000,00 atuais (2007).
[4] Equivalente a R$ 787.000,00 em valores atuais (2007)
[5] R$ 330.000,00 em valores de 2007
-----------------------------------------
2ª Fase – Empresa puramente familiar

Com a saída de Nicolau Jacob da sociedade decidiu-se transformar a empresa num empreendimento familiar. Os sócios doravante seriam Jorge Zipperer, o sócio majoritário,  seus irmãos Martin e Carlos Zipperer e seus genros João Malinowsky e Carlos Weber. Desses, só Carlos Zipperer não exercia funções diretas na empresa, visto que administrava sua casa de comércio em São Bento. A nova razão social passou a Jorge Zipperer & Cia – depois simplificado para  J. Zipperer & Cia. Assumia assim a condição de comanditário, deixando a condição de capitalistas investidores aos outros membros de sua família.

Inicia-se se um período de prosperidade e progresso continuo nas atividades da firma.  No que se refere à sua aquisição  e apropriação de suas matérias-primas, era totalmente verticalizada. Tudo se originou da própria aquisição das terras que tinham cobertura de reservas de madeira. Daí se evoluiu para uma primeira operação de beneficiamento – a serraria. Depois, numa fase posterior se iniciou a fabricação de produtos com maior agregação de valor – os móveis, em adição à atividade original. Com a consolidação da fabricação de móveis evoluiu-se lentamente afastando-se dessa verticalização extrema, mas sempre centrado ainda na produção da própria madeira serrada comprando-se árvores em pé.

Do ponto de vista tecnológico evoluíram muito logo no primeiro momento, inclusive instalando estufas de secagem artificial de madeira, que proporcionava uma diminuição dos estoques reguladores e conseqüentes valores de capital de giro embutido nesses estoques. Mesmo assim, como sua base de produção era a madeira de imbuia, de secagem lenta, e dada a sua grande necessidade de matéria prima, muito capital ficava atrelado a essa contingência dos estoques reguladores. Na fase em que passaram a  comprar apenas a madeira, sem as terras, muitas vezes negociavam em troca de vales compras nas cooperativas comerciais que mantinham. Isso causava algumas tensões que levaram a diversos atritos com aqueles vendedores, que quase sempre se sentiam prejudicados mais tarde quando seus créditos se esgotavam.

O escoamento da produção da J.Zipperer & Cia. era todo baseado na estrada de ferro e também pela navegação de cabotagem via porto de São Francisco. A empresa que se encarregava de  grande parte dos fretes para o resto do Brasil, desde 1921, era a ENNH – Empresa. Nacional de Navegação Hoepcke, de Florianópolis. Havia também cargas transportadas pelo Lloyd Brasileiro, que também operava neste porto catarinense. Em 1932, por exemplo havia uma conta em aberto da J. Zipperer & Cia. com a ENNH no valor de 134:100$000,[1] por conta de fretes, o que permite avaliar o volume que se transportava.

A cidade litorânea de São Franciscio do Sul, na primeira metade do século 20,  girava em torno de seu pequeno e então eficiente porto, tendo como pauta principal as madeiras nobres do estado – como imbuia, peroba, pinho de araucária e outras – para a indústria de móveis e de construção civil de todo o país, especialmente a de São Paulo.

Seria só na década de 1950 que as rodovias começariam a disputar as cargas antes movimentadas nos portos, e com o encarecimento crescente das madeiras de lei brasileiras, que se tornariam raras devido à extração descontrolada esse modelo também começa seu declínio.

Em 1932 a companhia foi organizada pelo formato jurídico de uma Sociedade Anônima de Ações, passando a girar como Cia. M. Zipperer – Móveis Rio Negrinho S/A.

A empresa era muito bem estruturada comercialmente na década de 1930, pois contava com bons representates nos principais centros de consumo do Brasil. Seu quadro de representações comerciais em 1939 era:
- Rio de Janeiro – P. Kastrupp e Cia
- São Paulo  – P. Kastrupp e Cia (filial)
- Florianópolis – H. Soncini
- Curitiba – Raymundo Egg & Cia
- Blumenau – Emílio Rossmark
- Joinville – Theo Moertel & Cia
- Bahia – Castro, Lima & Cia
- Fortaleza – Lima & Albuquerque
- Recife – J. Leite Basto

CIMO – Companhia Industrial de Móveis S/A

Depois de longa enfermidade Jorge Zipperer acaba por falecer em 31 de janeiro de 1944, com 65 anos. Pressionada pelas contingências comerciais a empresa dá um passo muito ousado e aceita a incorporação num conglomerado único uma vasta gama de empresas ligadas ao seu corpo de representantes e que teoricamente apresentam interesses comerciais afins. Nesta operação se incorporam à Cia. M. Zipperer – Móveis Rio Negrinho S/A, as seguintes empresas: 
- Fábrica de Móveis Maida,
- Oficina de Artes e Mobiliário Ltda,
- Leopoldo Reu & Cia,
- Schauz & Buchmann Ltda,
- P. Kastrupp & Cia,
- Raymundo Egg & Cia.

Essa corporação de sete fábricas de móveis acabam formando a Cia. Industrial de Móveis S/A, cuja abreviação passou a ser como a empresa seria conhecida doravante – CIMO, CIMO S/A ou “Móveis Cimo”. Em 1954 a empresa passa a se chamar  oficialmente Móveis CIMO S/A.

A Móveis Cimo caminha então para se tornar a maior fábrica de móveis da América Latina, embora com uma administração agora altamente descentralizada. Tem fábricas em Rio Negrinho (derivadas da M. Zipperer S/A e da Schauz & Buchmann, esta uma pequena fábrica, quase que de fundo de quintal, de Victor Buchmann, genro de Jorge Zipperer), em Curitiba (derivadas da empresa Raymundo Egg e da Móveis Maida), em Joinville (derivada de Leopoldo Reu) e no Rio de Janeiro (ligadas à família Kastrupp).

Inicialmente sua sede nacional se localiza no Rio de Janeiro à rua Debret, 79 – com representantes no Brasil inteiro e exterior. Num primeiro momento o controle decisório  majoritário do novo conglomerado industrial ficou ligado à empresa Kastrupp, que detinha grande prestígio comercial em todo o país.

A diretoria em 1947 era a seguinte:
- Paulo Kastrupp – Diretor Presidente
- Martin Zipperer – Diretor Superintendente
- Paulo Kastrupp Fº, José Felix Maria Bianco e Raymundo Egg – Diretores
- Hercílio Fronza – Contador (status de diretor financeiro)

Passados alguns anos a família e a empresa Kastrupp se afastou da sociedade, retomando seu rumo independente no Rio de Janeiro.

Com a saída dos Kastrupp a sede oficial da empresa foi transferida para Curitiba. O conglomerado Cimo produzia móveis para cinemas e auditórios, onde conquistou o monopólio do mercado. Diversificou com móveis escolares e linhas institucionais de escritório, de quarto, salas, etc. uma completa gama de produtos, sempre de alta qualidade. Tinham muita facilidade em vencer grandes concorrências governamentais para fornecer móveis escolares e institucionais em fantásticas quantidades. A diretoria durante todas as décadas de 1950 até 1970 praticamente não se alterou, e era assim constituída:
- Raymundo Egg – Diretor Gerente
- Martin Zipperer – Diretor Superintendente
- Carlos Zipperer, Dr. Elizeu Miranda e Felix Brandão Sobrinho  – Diretores adjuntos

Com a administração corporativa e descentralizada, as grandes decisões ficaram cada vez mais distantes da sua origem em Rio Negrinho, embora Martin Zipperer ainda mantivesse um controle relativo sobre aquela planta, tinha pouca influência nas políticas gerais da empresa. O poder decisório passou para os administradores de Curitiba, mais ligados às equipes derivadas dos grupos paranaenses da corporação sob grande influência de Raymundo Egg e a história da empresa se afasta do mundo econômico de Rio Negrinho, São Bento do Sul e região.

Martin Zipperer ainda exercia certa influência na administração industrial da unidade de Rio Negrinho, mas, acumulando problemas pessoais, foi sendo relegado a uma posição marginal no quadro decisório, não obstante a família Zipperer tivesse ainda parcela importante do interesse acionário da companhia. Mesmo assim, a complexidade sucessória de uma empresa familiar no seu embrião não foi corretamente equacionada pelos diversos herdeiros que acabaram por se desviar por caminhos ditados por interesses difusos. Também havia em Curitiba,  junto ao centro decisório, uma plêiade de altos executivos que auferiam gordos honorários que viviam em disputa constante.

Fase Terminal – Vícios, mudanças tecnológicas e derrocada final
No final da década de 1960 se instalam no Brasil duas grandes plantas para a produção de painéis de fibra de madeira aglomerada. Essa matéria prima desloca o eixo da produção de móveis e cria uma concorrência muito competitiva aos produtos fabricados pela Cimo. Como esta mantivesse sua produção verticalizada pelo uso da madeira maciça  e compensada, além disso não havia feito nenhum movimento para se adaptar ao uso do aglomerado, começam a experimentar afrontas  importantes de concorrentes em potencial que usavam essa nova variante tecnológica e produtiva.

No início da década de 1970 já se manifestam sintomas de grave crise administrativo-financeira na empresa.  Com o desaparecimento de Martin Zipperer, cuja morte ocorre no dia 23 de novembro de 1971, as coisas passaram a se suceder rapidamente e em outro patamar. A unidade de Joinville tinha sido  completamente destruída por um incêndio ocorrido em 30 de novembro de 1971. De acordo com noticia publicada no jornal A Notícia de Joinville, edição de 01.12.1971, o sinistro, ocorrido no dia anterior, foi causado por um raio. Esse acontecimento se deu exatos sete dias depois da morte de Martin Zipperer. Estranhíssima coincidência.

Já em 1972, em assembléia se decide pela construção de uma nova e moderna unidade fabril, isso fica mais premente quando em abril desse mesmo ano a fabrica de Rio Negrinho também sofre um grande incêndio, na seção de estofaria e lustração. A unidade de Rio Negrinho, agora a segunda maior do grupo, tinha um padrão construtivo muito arcaico, pois era externamente de alvenaria e todas a divisões internas eram de madeira. Tecnologicamente essa fábrica também já era obsoleta.

A posição de alguns acionistas era que esse enorme investimento numa eventual nova unidade fosse alicerçado em capital próprio, que já então era escasso entretanto, defendendo então chamadas de aumento de capital para operacionalizar o aporte adicional.  Outros, uma boa parcela de acionistas da família Zipperer, temendo por sua posição acionária que se reduziria significativamente caso houvesse aumento de capital, boicotaram essa alternativa e a assembléia decidiu recorrer aos bancos de desenvolvimento para financiar o empreendimento.

Assim se fez, recorreu-se ao BNDES / BRDE que incentivou um grande projeto de expansão da empresa baseado no argumento do próprio diretor do BNDES: “...vamos fazer alguma coisa pelo Brasil de hoje”, visto que a época correspondia ao furacão do milagre econômico brasileiro. No ano seguinte, a Móveis Cimo S/A, representado por seu diretor-financeiro Dico Guimarães, vai participar do 1.º Seminário de Integração Nacional, ocorrido entre 02 e 05 de abril de 1973, no Rio de Janeiro. Apresenta ali seu arrojado “Projeto de Desenvolvimento e Viabilidade Econômica” que alicerçava seu ambicioso projeto de modernização, largamente centrado na nova unidade fabril projetada.

Antes disso, ainda no ano de 1972, a Cimo faz uma manobra de chantagem política com a prefeitura de Rio Negrinho, ameaçando abandonar o município caso não lhe fosse cedida uma área onde pretendia montar uma nova unidade industrial. Os políticos rio-negrinhenses se renderam e através de reuniões secretas e movimentações obscuras acabaram cedendo às vantagens pretendidas pela empresa. Achavam que não podiam correr o risco de perder o mais importante bastião econômico da cidade. Não foi suficiente pra mudar o curso do desastre. A unidade fabril que se construiu a partir de 1974 na Vila Nova, às margens da então rodovia SC-21, modernamente BR-280, nunca chegou a operar para a Móveis Cimo com a capacidade que havia sido prevista.

No ano de 1976 a situação financeira da empresa estava tão precária que o BRDE, o principal credor, convocou uma assembléia de acionistas e destituiu a diretoria nomeando outra, de sua lavra. Impõe também a abertura de pedido de concordata preventiva. O Diretor destituído, o septuagenário Raymundo Egg não aceita essa afronta e vende a totalidade de suas ações e convence outros acionistas a fazerem o mesmo, inclusive alguns da família Zipperer.

Os interesses originais de Martin Zipperer estavam agora nas mãos do médico de Curitiba, Gustavo Keil, que era casado com a neta daquele, praticamente sua herdeira universal, visto que só teve uma filha e essa neta. Esses ativos, de Egg e Keil foram vendidos a Eduardo e Felipe Lutfalla, irmãos da esposa do governador do estado de São Paulo, Paulo Maluf. Estes já vinham comprando ações dos pequenos acionistas através do Banco Bradesco. Se comenta que foram correntemente usadas reservas de contingência financeira da própria empresa para operacionalizar essas compras de ações.

No final de1978, com a situação piorando irremediavelmente, o controle acionário  passa para o grupo Lutfalla,  que detém agora 62%, mas que não tinha um interesse real em reerguer a empresa, e sim rapinar o espólio e abandonar tudo ao ocaso depois, o que terminou por acontecer. Em fevereiro de 1982, é decretada a falência da Móveis Cimo S/A.

Termina assim uma era.

NOTAS
[1] R$ 773.000,00 em valores de 2007




Vista da Moveis Cimo em Rio Negrinho SC,  por volta de 1967 - note os estoques de madeira.
A chaminé ainda existe, em frente a atual prefeitura municipal.
Acervo do Arquivo Histórico de Rio Negrinho  -  foto histórica de autor desconhecido